quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Lágrimas de vida

Numa noite
escorregou em gotas
pensava ser da chuva
mas na realidade
não passavam
das suas próprias lágrimas
lágrimas da sombra
de um coração ferido
quase sem vida

Alma de sombra
vida empobrecida
por um tempo
que teima ser
apenas tempo de espera
no qual o gosto
deixou de existir

Deformada
aos seus próprios olhos
apagou o último sorriso
de um sonho perdido

Lágrimas de vida
numa boca seca
de amor

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Manhã submersa

Colhem-se suspiros
em gotas de vapor
numa janela de desabafos
de destino remoído

Em cada suspiro
uma verdade efémera
em cada recordar
uma ferida aberta
em cada tentativa
de esquecer
um momento perdido

Manhã submersa
num jogo de dúvidas
insistentes, persistentes
num misto de querer
e não possuir
o que uma boca anseia
o que um corpo deseja

Um doce sentir
num amargo recordar
um ser de corpo e alma
preso na teia do mundo
consumido lentamente
pelo desamor